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Arquitetos: MNMA studio
- Área: 800 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:André Klotz
“... the front door continues to appeal to our sense arrival. Call it the ceremony of coming home.”
Akiko Busch
Todo material tem suas próprias características e limites de definição. Trabalhar no limiar do que é possível - no limite do que ainda está dentro da natureza de um material, em vez de desafiá-lo - pode ser um território criativamente fértil para avançar o pensamento e aperfeiçoar a técnica.
A materialidade constrói os planos que se cruzam e torna-se veículo para um ritmo tonal, a imersão resultante traz uma nova intimidade ao grão de um espaço arquitetônico. Um projeto comercial que cria uma experiência de receber em casa com a nostalgia do tempo, usando matéria natural, o processo humano, a condução na escala artesã com uma narrativa de uma arquitetura feita para não ser perfeita, e sim possivel.
A terra* conta uma alegoria ao longo do dia, com o movimento da luz, paredes pisos e tetos não são limites ou restrições; cada superfície finita é um meio através do qual a luz pode se expressar e o tempo gradativamente agir no próprio material, é possível envelhecer, é possível retornar a algo imbuído de simplicidade, familiar, e ficar confortável com uma cozinha sem complicação, com sabores.
Pigmentações com terra natural para os processos de queima da tijolaria feita em Olaria artesã, aproximando o desenho técnico e controlado ao limite do exercício empírico do gesto de moldar tijolos artesanalmente. A própria terra projetada nas paredes e forros tornando o próprio material base em fim de plasticidade. Desenhar se tornou um gesto sensibilizado para conduzir a imersão no espaço aos menores detalhes e variações de tom e textura ou até mesmo uma pausa e quando chove, "o cheiro de terra molhada".
A forma da escada foi moldada manualmente em madeira dentro da própria obra com sobras de materiais, o rigor do desenho técnico abraçou pequenas deformações, sinal de uma escala íntima e gestual.
Em contraponto a fachada extremamente calculada, desenhada e desenvolvida para seguir o traço, com policarbonato, material tecnológico, reciclável, pensado para eficiência da luz, com as aberturas de tal forma a não precisar de ventilação mecânica ou ar condicionado. A ideia era provocar a cidade com um elemento contemporâneo que quando aberto trouxesse o reencontro ao passado, as técnicas ancestrais de construção e uma sensação de espaço/tempo terroso, moroso, "em em casa".